Mensagem do Presidente SPCir

Caros colegas,

Em nome da Direção venho convidar todos para participarem no 45º Congresso da Sociedade Portuguesa de Cirurgia que decorrerá, pela primeira vez, na cidade do Porto, nos dias 20 e 21 de Março de 2025.
Escolhemos o Edifício da Alfândega Nova do Porto, que protagonizou no século XIX uma das mais profundas alterações urbanísticas e paisagística da cidade do Porto e que recentemente conheceu a intervenção de restauro e de requalificação por parte do arquiteto Eduardo Souto Moura. Será neste monumento cheio de história, mas também renovado, e exemplo de inovação, que decorrerá o nosso 45º Congresso, que também pretenderá refletir o que há de novo na Cirurgia Geral.
O Grande fórum Nacional da Sociedade, o Congresso Nacional, deverá continuar a ser o tempo de encontro científico, profissional e social entre os Cirurgiões.
O Professor Doutor Francisco Oliveira Martins aceitou ser o Presidente de Honra do nosso Congresso.
Esta distinção merecida, por proposta da Direção da Sociedade, não é mais do que uma homenagem a uma brilhante carreira hospitalar e académica, não esquecendo a dedicação de mais de vinte anos à Sociedade Portuguesa de Cirurgia onde desempenhou quase todas as funções na Direção e concebeu um sem número de fatores de identificação da nossa Sociedade que espelham o seu gosto pela Arte.
A oração do Presidente de Honra do Congresso iniciará a Sessão de Abertura do 45º Congresso.
O programa será estruturado de forma a acomodar a diversidade de interesse dos participantes e, pretendemos fazê-lo com os habituais convites a cirurgiões de referência por patologia específica, nos convites endereçados aos Sócios Honorários e com as "Named Lectures".
A ideia de relembrar os Founding Fathers da Sociedade da anterior Direção da Sociedade Portuguesa de Cirurgia tem como desígnio trazer até nós todos os nossos antigos Presidentes, e que não é mais do que um imperativo de demonstração da nossa gratidão. Assim vamos ter três “Named Lectures” atribuídas aos quarto, quinto e sexto Presidentes da Sociedade Portuguesa de Cirurgia:
Professor Giesteira de Almeida (1984-1986), Dr. José Manuel Mendes de Almeida (1986-1988) e Professor Luís José Raposo (1988-1990).
A participação ativa de todos os Cirurgiões representa o núcleo principal e estruturante do Congresso e cada Capítulo organizará a sua sessão temática versando aspetos ligados ao futuro não ignorando os problemas contemporâneos.
Em breve será divulgado o programa do nosso próximo congresso, mas a cirurgia robótica, os cuidados peri-operatórias e a sarcopenia, a cirurgia da cabeça e pescoço, a abordagem do espaço pré-peritoneal no tratamento das hérnias da parede abdominal, a cirurgia na urgência ou a patologia vascular venosa e suas complicações, não esquecendo o cancro do reto, do estômago ou da mama, e o tratamento atual das metástases hepáticas de cancro colorretal, serão temas de reflexão.
Neste congresso será dado particular destaque aos desafios atuais da formação continuada dos cirurgiões, à função do Orientador de Formação Especializada em Cirurgia Geral, e à avaliação final da formação especializada em Cirurgia Geral recentemente publicada. Contamos coma presença do Colégio da Especialidade de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos, para reflexão cheia de atualidade e desafios.
O jantar do congresso queremos que venha a decorrer no Salão Árabe do Palácio da Bolsa do Porto que também foi construído no século XIX.
A realização deste Fórum só será possível com o contributo dos nossos Sponsors que desde já agradecemos.
A logística desta reunião será assegurada pela Diventos e pela nossa Secretária D. Maria Eugénia.
Esperamos que todos se revejam no 45º Congresso da Sociedade Portuguesa de Cirurgia.

Contamos com a presença de todos!
José Guilherme Tralhão
Presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia

Mensagem do Presidente de Honra

Quarenta anos passados de vida como Cirurgião Geral obriga-nos a reflectir sobre o que fizemos.
O interesse por esta especialidade vem dos tempos da Faculdade e do trabalho voluntário neste tempo pré-graduado, no Banco do Hospital de S. José e no Instituto Português de Oncologia de Lisboa.
Vindo do Serviço Medico á Periferia, no Algarve. e após concurso de admissão às especialidades, a escolha foi natural. ficando colocado nos Hospitais Civis de Lisboa.
Sempre considerei que para a formação completa de um Cirurgião era fundamental o complemento do assistencial e técnico, com o ensino e formação, aliado á investigação.
Nos Hospitais Civis de Lisboa, desde sempre, em 40 anos, por provas publicas obtive todos os graus da carreira medica hospital. Não posso deixar de lembrar o meu pai cirúrgico o Dr. Jorge Girão e na urgência o Dr. Alberto Bandeira, sem esquecer tantos outros tão importantes na formação, em tempos que não tínhamos orientador de formação designado. Em particular não posso deixar de lembrar aquele mestre de todos os dias da minha formação, o Dr. Silva Fernandes, naqueles velhos tempos operávamos tudo com o apoio dos cuidados intensivos no pós-operatório das situações mais complexas com a cooperação permanente do Prof. Rui Moreno. Quantas reintervenções na UCI em doentes críticos, naquilo que em conjunto desenvolvemos como "Bed side surgery in ICU", principalmente em situações com necessidade de procedimentos de "Damage Control".
No componente de formação fui docente da Nova Medical School durante trinta anos tendo feito provas de Doutoramento em Medicina sector da Cirurgia na mesma Universidade. Como Professor Auxiliar fui docente do 3º ano tendo a regência da cadeira opcional de Trauma para alunos do 6º ano.
Fui orientador de formação completa e oficial de seis cirurgiões com orientação parcial de três cirurgiões, tendo sido responsável da formação em cirurgia geral de quatro colegas de outras especialidades. Todos estes colegas considero-os e consideram-se fazendo parte da minha família cirúrgica. É nossa obrigação cooperar na formação dos mais novos, é importante para eles, mas também para nós. Durante toda a nossa vida temos de aprender e ensinar uns com os outros, esta a essência da formação com o conceito "Socrático do Learning".
Na área do trauma fiz parte do grupo inicial que foi aos EUA preparar para Portugal o programa ATLS (Advanced Trauma Life Suport) do American College of Surgeons processo iniciado pelo Dr. Moniz Pereira com o patrocínio da nossa Sociedade. Fui formador e director da região sul tendo ajudado a expandir este programa formativo para Évora, Faro e a região da Madeira.
Fui também formador do DSTC (Defenitive Surgery and Trauma Care) do IATSIC.
Fui coorganizador e formador da Pós-graduação de Emergência e Trauma na Nova Medical School.
Na área da investigação e tentando responder a questões que a vida prática nos foi levantando, ainda durante a especialidade trabalhei em cirurgia experimental nos laboratórios Sanitas, posteriormente na Faculdade de Medicina Veterinária com o Prof Carlos Martins e na Nova Medical School com o Prof. José Belo, em Medicina Regenerativa, e regeneração Hepática com células pluripotentes medulares, porventura soluções para um futuro cada vez mais próximo. Desenvolvi também trabalhos na área do trauma, sepsis cirúrgica, isquemia intestinal, síndrome compartimental abdominal, doente cirúrgico critico com particular interesse em relação á pancreatite aguda grave infectada com sepsis e falência multiorgânica.
Como médicos e cirurgiões temos obrigações sociais e organizativas e durante a minha vida dediquei vinte anos á nossa Sociedade Portuguesa de Cirurgia que durante anos considerei a minha terceira casa, tendo desempenhado quase todas as funções na direcção, não fazendo mais do que aprendi com o Dr. José Manuel Mendes de Almeida a quem devemos esta nossa casa e grande parte daquilo que somos.
Durante toda a minha vida cultivei sempre a importância da junção da Arte á Ciência, como pequeno exemplo temos as dezenas de cartazes feitos para os nossos congressos, igualmente fui durante anos o "designer" da SPC tendo concebido: Logotipos, medalhas, desenhei gravatas, lenços, enfim um sem numero de fatores de identificação da SPC. A arte e a ciência caminhando em paralelo como margens do rio do conhecimento no dizer de "Mia Couto". Porventura o medico que só de medicina sabe, nem de medicina sabe na reflexão de "William Osler" e do nosso "Abel Salazar".
Quanto ao futuro da nossa sociedade e contra os dizeres de alguns velhos do restelo que vaticinavam o seu declínio, em paralelo com o desenvolvimento de pequenas sociedades relacionadas com a superespecialização cirúrgica, a SPC tem cada vez mais uma função primordial na orientação da formação dos jovens cirurgiões em articulação com a Ordem dos Médicos e o Colégio da Especialidade de Cirurgia Geral. Com orientações e recomendações em relação às competências básicas técnicas assim como em relação às competências não técnicas.
Queremos que o jovem cirurgião saiba fazer e faça bem, como bom "operador".
Mas se queremos que seja um bom cirurgião tem de saber fazer e saber porque faz.
Mas para alcançar a excelência cirúrgica para alem de saber fazer e saber porque faz, tem de saber quando não se pode nem deve fazer. No entanto isto por vezes é o que demora mais tempo a adquirir podendo levar toda a vida de um cirurgião, no dizer de "Rodney Smith".
A aquisição destes "Skills" não técnicos são fundamentais para alcançar a Arte de ser Cirurgião. Com: Ética; Humildade; Competência; Inteligência Emocional Capacidade de Decisão e Resiliênciaconseguimos tratar da melhor forma os nossos doentes.
É este o objetivo final, principal, beneficente, da nossa profissão de Médicos do nosso oficio de Cirurgiões.

Francisco Oliveira Martins
Presidente de Honra

Presidente de Honra
Francisco Oliveira Martins